O blog TMN Notícias continua acompanhando sobre o caso da prisão do ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Facchin, negou a liminar pedindo a não prisão de Lula.
Em frente a sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Paulista, que se localiza em São Bernardo do Campo / SP, num caminhão de som, houve um ato religioso em homenagem a esposa falecida de Lula, Mariza, que, na verdade, virou um ato político. Lula discursou por 55 minutos.
No início de seu discurso, Lula cumprimentou a militância, líderes de partidos políticos, apoiadores dele. Seguindo, criticou a Rede Globo, a Rede Record, a Rede Bandeirantes, diversas revistas e rádios e o juiz Sérgio Moro. Informou os militantes que se entregaria para a Polícia Federal. Esse discurso foi o último, antes da prisão.
Confira trechos de sua fala:
"Eu não estou acima da Justiça. Se eu não acreditasse na Justiça, eu não
tinha feito partido político. Eu tinha proposto uma revolução nesse
país. Mas eu acredito na Justiça, numa Justiça justa, numa Justiça que
vota um processo baseado nos autos do processo, baseado nas informações
das acusações, das defesas, na prova concreta que tem a arma do crime."
" O que eu não posso admitir é um procurador que fez um Powerpoint e foi
pra televisão dizer que o PT é uma organização criminosa que nasceu para
roubar o Brasil e que o Lula, por ser a figura mais importante desse
partido, o Lula é o chefe e, portanto, se o Lula é o chefe, diz o
procurador, “eu não preciso de provas, eu tenho convicção".
" Eu tenho mais de 70 horas de Jornal Nacional me triturando. Eu tenho
mais de 70 capas de revista me atacando. Eu tenho milhares de páginas de
jornais e matérias me atacando. Eu tenho mais a Record me atacando. Eu
tenho mais a Bandeirantes me atacando, eu tenho a rádio do interior me
atacando. E o que eles não se dão conta é que, quanto mais eles me
atacam, mais cresce a minha relação com o povo brasileiro".
" Eu não tenho medo deles. Eu até já falei que gostaria de fazer um debate
com o Moro sobre a denúncia que ele fez contra mim. Eu gostaria que ele
me mostrasse alguma coisa de prova. Eu já desafiei os juízes do TRF4
que eles fossem prum debate na universidade que eles quiserem, no curso
que eles quiserem, provar qual é o crime que eu cometi nesse país."
" Eu sonhei que era possível pegar os estudantes da periferia e colocá-los
nas melhores universidades desse país para que a gente não tenha juiz e
procuradores só da elite. Daqui a pouco vamos ter juízes e procuradores
nascidos na favela de Heliópolis, nascidos em Itaquera, nascidos na
periferia. Nós vamos ter muita gente dos Sem Terra, do MTST, da CUT
formados. Eu cometi esse crime e eles não querem que eu cometa mais. É por conta
desse crime que já tem uns dez processos contra mim. E se for por esses
crimes, de colocar pobre na universidade, negro na universidade, pobre
comer carne, pobre comprar carro, pobre viajar de avião, pobre fazer sua
pequena agricultura, ser microempreendedor, ter sua casa própria. Se
esse é o crime que eu cometi eu quero dizer que vou continuar sendo
criminoso nesse país porque vou fazer muito mais. Vou fazer muito mais."
"Eu acho que tanto o TRF4, quanto o Moro, a Lava Jato e a Globo, eles têm
um sonho de consumo. O sonho de consumo é que, primeiro, o golpe não
terminou com a Dilma. O golpe só vai concluir quando eles conseguirem
convencer que o Lula não possa ser candidato à presidência da república
em 2018. Não é que eu não vou ser, eles não querem que eu participe
porque existe a possibilidade de cada um se eleger. Eles não querem o
Lula de volta porque pobre na cabeça deles não pode ter direito. Não
pode comer carne de primeira. Pobre não pode andar de avião. Pobre não
pode fazer universidade. Pobre nasceu, segundo a lógica deles, para
comer e ter coisas de segunda categoria."
" O outro sonho de consumo deles é a fotografia do Lula preso. Ah, eu
fico imaginando o tesão da Veja colocando a capa comigo preso. Eu fico
imaginando o tesão da Globo colocando a minha fotografia preso. Eles vão
ter orgasmos múltiplos.
Eles decretaram a minha prisão. E deixa eu contar uma coisa pra vocês:
eu vou atender o mandado deles. E vou atender porque eu quero fazer a
transferência de responsabilidade. Eles acham que tudo que acontece
neste país acontece por minha causa."
Depois de seu discurso, voltou para a sede do sindicato, onde almoçou e fez as últimas negociações.
Lula iria se entregar por volta das 17 horas, mas, os militantes não deixaram ele sair no carro. Mais uma estratégia para tardar ainda mais sua prisão. Lula saiu do carro e voltou para o prédio do sindicato.
Ás 18h45, Lula consegue sair da sede do sindicato a pé, atravessou a rua e entrou no carro da Polícia Federal, se entregando definitivamente.
Oito carros (comboio) fez o trajeto de cerca de uma hora da sede do sindicato dos metalúrgicos, em São Bernardo do Campo / SP, até a sede da Polícia Federal na capital paulista, no bairro da Lapa, para fazer o exame de corpo de delito.
Em seguida, saiu de helicóptero para o Aeroporto de Congonhas, onde, neste momento, está indo para o aeroporto de São José dos Pinhais, no Estado do Paraná.
Se tudo seguir como planejado, depois que chegar no aeroporto de São José dos Pinhais, Lula embarcará num helicóptero para Curitiba, onde fica a sede da PF.